Ana Fátima Carvalho Fernandes, Editora-chefe da Rev. Rene, Professora titular da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: afcana@ufc.br
Ítalo Rodolfo Silva, Professor do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery, Macaé, RJ, Brasil. E-mail: italoufrj@gmail.com
Pesquisa realizada com 208 pacientes oncológicos, entre maio de 2016 e janeiro de 2018, identificou associações estatisticamente significativas do Inventário de Depressão de Beck, instrumento utilizado para apreciar a presença de depressão, com as variáveis: realização de cirurgia, tempo de início da quimioterapia (em meses) e efeitos colaterais da quimioterapia. A partir desse instrumento foi identificado que a média dos escores indicou que a maioria dessas pessoas (71,2%) estavam sem depressão. Já 17,3% apresentavam depressão e 11,5% disforia. Entre as pessoas com depressão, as mulheres apresentavam o dobro dos casos. Esses dados foram resultantes de uma pesquisa realizada em um hospital de ensino do Estado de Minas Gerais, Brasil. Os pesquisadores empregaram o estudo exploratório com pacientes em quimioterapia, utilizando questionário para caracterização geral dos participantes e Inventário de Depressão de Beck e publicaram o artigo intitulado “Fatores associados à depressão em pacientes oncológicos durante quimioterapia, no periódico Rev Rene (v. 20). O estudo corrobora, portanto, o entendimento de que, apesar dos progressos científicos e tecnológicos da medicina para o estabelecimento da cura de doenças, algumas patologias ainda são envolvidas por estigmas e sofrimentos que podem resultar em outros problemas de saúde, como, por exemplo, problemas de ordem psicológica (CHANG; CHEN; LIU 2015; ŠEPAROVIĆ et al., 2019). Assim, ao descobrir a doença (diagnóstico), o paciente com câncer pode estar apenas no início de uma longa jornada de enfrentamentos que ultrapassam o tratamento isolado da doença, isto é, da ordem biológica do câncer. O tratamento do paciente oncológico poderá, desse modo, afetar-lhe as estruturas emocionais a ponto de ocasionar o surgimento da depressão. Nesse contexto, é importante considerar a importância de uma abordagem ampliada de saúde, que vai além da simplificação da ausência de sinais e sintomas na manifestação da doença. Por essa razão, os cuidados de enfermagem ao paciente em quimioterapia deverão envolver, também, ações que permitam a identificação de sintomas de depressão. A partir dessa perspectiva é que será possível, ao enfermeiro, o desenvolvimento de estratégias para implementar cuidados que alcancem a multidimensionalidade da pessoa cuidada, o que envolve, além das implicações biológicas, questões sociais, espirituais e, especialmente, psicológicas.
Referências
CHANG, C. H.; CHEN, S. J.; LIU, C. Y. Adjuvant treatments of breast cancer increase the risk of depressive disorders: a population-based study. J Affect Disorders., v. 182, p. 44-49, 2015. Avaliable from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25973782
ŠEPAROVIĆ, R. et al. Association of breast cancer symptoms with patients’ quality of life and depression; a Croatian cross-sectional study. Psychiatr Danub, v. 31, Suppl. 1, p. 92-98, 2019. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30946726
Para ler o artigo, acesse
ARANTES, Taciana Cunha et al. Fatores associados à depressão em pacientes oncológicos durante quimioterapia. Rev. Rene, v. 20, e41647, 2019. Disponível em: http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-38522019000100360&lng=pt&nrm=iso
Link externo
Rev Rene: http://www.periodicos.ufc.br/rene
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