Laura Ferreira Cortes, Docente na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: laurafc@politecnico.ufsm.br
Letícia Becker Vieira, Docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: lebvieira@ufrgs.com.br
Maria Celeste Landerdahl, Docente aposentada, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: mclanderdahl@gmail.com
O distanciamento social deflagrado pela pandemia de COVID-19 tem levado à permanência das pessoas por longo tempo dentro de casa, o que tem sido considerado um potencializador da violência contra as mulheres (VCM) em nível mundial. Países como Argentina, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos denunciaram o aumento exponencial da VCM, bem como da demanda por abrigos de emergência e redes de apoio. As mulheres também podem ficar isoladas do convívio familiar, dos amigos e dos vizinhos, e no espaço doméstico, discussões e brigas passam a ser frequentes neste período, motivadas pela instabilidade emocional, crise financeira e desemprego. Esse contexto complexo tornou o domicílio como propício para tensionamentos e atritos nas relações, culminando com situações de violência. O espaço externo ficou limitado de possibilidades para disparar o enfrentamento da violência vivida nos lares dessas mulheres. Os serviços que poderiam ser porta de entrada na busca de ajuda, como os serviços de saúde, encontram-se priorizando os cuidados a outras situações. Adicionalmente, serviços de apoio, proteção, aconselhamento em abrigos e assistência jurídico-policiais, por vezes, estão com redução dos atendimentos.
Emergem muitos desafios no sentido da necessidade de proteção das mulheres em situação de violência durante a pandemia. Assim, tecemos esta reflexão que se origina do aprofundamento teórico na temática e da integração ensino-serviço, uma vez que as autoras compõem o Fórum de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres de Santa Maria/RS, projeto de extensão que integra os serviços de atendimento às mulheres em situação de violência. Um ensaio teórico-reflexivo foi produzido por pesquisadoras de diferentes núcleos de estudos: Núcleo de Estudos Mulheres, Gênero e Políticas Públicas (UFSM), Grupo de Pesquisa Cuidado à Saúde das Pessoas, Famílias e Sociedade (UFSM) e o Núcleo de Estudos em Educação e Saúde na Família e Comunidade (EE/UFRGS). O artigo “Desafios na proteção às mulheres em situação de violência no contexto de pandemia da COVID-19”, publicado no periódico Ciência, Cuidado e Saúde (vol. 19), aborda o tema da violência contra as mulheres, da Rota Crítica (SAGOT, 2000) às intersecções dos marcadores sociais de diferença (VENTURI, 2012) e os nexos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ao final, considera-se que a limitação do convívio e do apoio social são barreiras de acesso aos serviços intersetoriais e afetam de forma negativa os primeiros passos para o início da rota crítica, quando as mulheres decidem romper com a violência, levando-as, muitas vezes, a permanecerem nessa situação. Compreendemos que, para prevenção da VCM, é necessário assegurar a educação inclusiva e equitativa, bem como garantir o trabalho às mulheres, reduzindo as desigualdades a partir da inclusão social, econômica e política das mulheres. Esses aspectos constituem-se em metas dos ODS e são possibilidades de contribuição para uma sociedade mais justa e pacífica.
Referências
SAGOT, M. Ruta crítica de las mujeres afectadas por la violencia intrafamiliar en América Latina: estudios de caso de diez países. Washington: Organización Panamericana de la Salud. 2000 [reviewed 2 September 2020]. Available from: https://doi.org/10.13140/2.1.4019.8726
UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY (UNGA). Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development [online]. UNGA, 2015 [reviewed 2 September 2020]. Available from: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/21252030%20Agenda%20for%20Sustainable%20Development%20web.pdf
VENTURI, G. Misoginia, homofobia, racismo e gerontofobia: contribuições de análises da opinião pública para a prevenção. In: PAIVA, V.; AYRES, J.R.C.M. and BUCHALLA, C. (org.). Vulnerabilidade e direitos humanos: prevenção e promoção da saúde. Livro I, Curitiba: Juruá, 2012.
Para ler o artigo, acesse
FERREIRA CORTES, L., et al. Desafios na proteção às mulheres em situação de violência no contexto de pandemia da COVID-19. Ciência, Cuidado e Saúde [online]. 2020, vol. 19, e27984. e-ISSN: 1984-7513 [viewed 16 September 2020]. DOI: 10.4025/cienccuidsaude.v19i0.54847. Available from: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/54847
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