Maria Lucia do Carmo Cruz Robazzi, Professora titular sênior, Editora associada da Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Evelin Capellari Cárnio, Professora titular, Editora científica da Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Estudo publicado pela Revista Latino-americana de Enfermagem apresenta evidências científicas da importância do uso da posição prona em pacientes com COVID-19 que desenvolvem a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Essa manobra consiste em posicionar o paciente em decúbito ventral (posicionamento de bruços), resultando em melhora da função pulmonar. Foi demonstrado que essa conduta, apesar de ter vários aspectos relevantes na distribuição mais uniforme do estresse e da tensão pulmonar, ainda é pouco utilizada, tendo sido reportado que cerca de 85% dos pacientes com SDRA não recebem essa terapia (GUÉRIN et al., 2018).
No artigo “Posição prona como ferramenta emergente na assistência ao paciente acometido por COVID-19: scoping review”, os autores apresentam os principais conceitos e os dados científicos publicados sobre essa temática. Os pesquisadores trazem informações da literatura que mostram que a utilização precoce dessa manobra, principalmente em pacientes com COVID-19 submetidos à ventilação mecânica, podem reduzir a hipoxemia, melhorar a perfusão vascular pulmonar diminuindo significativamente a mortalidade.
Antes que um grande estudo randomizado fosse realizado (GUÉRIN et al., 2013), demostrando os benefícios da posição prona, a utilização dessa manobra, em pacientes com SDRA, era visto como uma intervenção tardia e era utilizado em pacientes com pouca capacidade de recuperação. Esses estudos iniciais tiveram resultados negativos, por se tratar de um protocolo utilizado quando não se viam outras possibilidades. Entretanto, mais recentemente ficou demonstrado que a precocidade da utilização do posicionamento é fundamental para o sucesso da terapia.
Apesar de parecer uma conduta simples, nem sempre é tão simples assim. Tal manobra, em pacientes submetidos a diferentes terapias, muitas vezes é difícil de ser realizada. A colocação em posição prona requer a ajuda de vários indivíduos, e frequentemente, a falta de pessoal adequado pode criar uma barreira para a sua realização, especialmente durante a noite. Portanto, o estudo sugere um dimensionamento adequado da equipe, que a mesma seja treinada e que os protocolos sejam seguidos rigorosamente. Além disso, algumas complicações podem ocorrer e necessitam ser controladas, como a perda da ventilação mecânica, a lesão por pressão e o edema na face. Entretanto, os desfechos positivos sobressaíram-se às complicações, ressaltando a importância desse posicionamento.
Referências
GUÉRIN, C., et al. A prospective international observational prevalence study on prone positioning of ARDS patients: the APRONET (ARDS Prone Position Network) study. Intensive Care Medicine [online]. 2018, vol. 44, no. 1, pp. 22-37. e-ISSN: 1432-1238 [viewed 21 December 2021]. https://doi.org/10.1007/s00134-017-4996-5. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007/s00134-017-4996-5
GUÉRIN, C., et al. Prone positioning in severe acute respiratory distress syndrome. New Engl J Med. [online]. 2013, vol. 368, no. 23, pp. 2159-2168. e-ISSN: 1533-4406 [viewed 21 December 2021]. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1214103. Available from: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1214103
Para ler o artigo, acesse
ARAUJO, M.S. de, et al. Prone positioning as an emerging tool in the care provided to patients infected with COVID-19: a scoping review. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2021, vol. 29, e3397. ISSN: 1518-8345 [viewed 6 January 2021]. https://doi.org/10.1590/1518-8345.4732.3397. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692021000100600&lng=pt&nrm=iso
Link externo:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/June/18/Covid19-Orientac–o–esManejoPacientes.pdf
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