Frantielen Castor dos Santos Nascimento, Graduanda de Enfermagem e aluna de Iniciação Científica, Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brasil.
Samira Reschetti Marcon, Enfermeira, Diretora da Faculdade de Enfermagem, Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brasil.
Moisés Kogien, Enfermeiro e doutorando, Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brasil.
O artigo “Suicídio por autointoxicação entre adolescentes e adultos jovens brasileiros: estudo de séries temporais”, publicado no periódico Ciência, Saúde e Cuidado (vol. 20), teve como objetivo analisar a tendência temporal da mortalidade por autointoxicação entre adolescentes e adultos jovens brasileiros no período de 2000 a 2017. Pode-se ressaltar a relevância epidemiológica da pesquisa, visto que, até o seu desenvolvimento não foram encontradas investigações sobre tendências temporais da mortalidade de suicídio por autointoxicação, nessa população, de modo a descrever o comportamento destes indicadores ao longo do tempo.
O estudo de séries temporais analisou a tendência da mortalidade por suicídio por autointoxicações (X60 a X69) entre os anos de 2000 a 2017, na faixa etária de 10 a 29 anos. Os dados foram coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e disponibilizados por meio do portal do Sistema de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram calculados os coeficientes de mortalidade por 100.000 habitantes e mortalidade proporcional para as variáveis: local de residência na extensão territorial; sexo; faixa etária; local da ocorrência do óbito e substâncias utilizadas.
A análise e a distribuição temporal dos indicadores de suicídio por autointoxicação entre adolescentes e adultos jovens brasileiros, evidenciou que a mortalidade geral se manteve estável. Entretanto, foi observada tendência crescente no emprego de algumas classes medicamentosas como meios para o autoextermínio, com destaque, para narcóticos, psicodislépticos ou alucinógenos; anticonvulsivantes, hipnóticos ou psicotrópicos; e outras substâncias farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo que apresentaram as maiores variações percentuais anuais. Estes achados, denotam a necessidade de políticas de saúde pública efetivas, como também na restrição do acesso a essas substâncias para a população. Além disso, encontrou-se achados divergentes ao que a literatura nesse campo do saber tem, em geral, apresentado: tendências decrescentes deste tipo de suicídio entre as mulheres jovens e nas faixas etárias entre 15 a 19 anos, bem como, na de 20 a 24 anos, o que pode representar não a diminuição da mortalidade por suicídio em si, mas sim, a substituição de métodos utilizados para a morte autoprovocada nesta população.
O suicídio caracteriza-se como a segunda principal causa de mortalidade entre pessoas de 15 a 29 anos (WHO, 2014), sendo a autointoxicação exógena, no Brasil, o método mais utilizado nas tentativas de suicídio da faixa etária de 10-19 anos (BAHIA et al., 2017) e segunda principal causa de mortalidade na faixa etária de 15 a 24 anos (WANZINACK; TEMOTEO; OLIVEIRA, 2017). Assim, destaca-se a necessidade de que profissionais de saúde, pesquisadores e a sociedade se atenham às especificidades etárias, sexuais, geoculturais e metodológicas atreladas ao risco de suicídio desta população operacionalizando estratégias de enfrentamento à suicidalidade, visando promoção de saúde mental, campanhas e movimentos de valorização à vida, bem como políticas públicas mais restritivas às substâncias nocivas, com ênfase aos métodos crescentes evidenciados no artigo de séries temporais de suicídio por autointoxicação entre adolescentes e adultos jovens brasileiros.
Referências
BAHIA C. A., et al. Notificações e internações por lesão autoprovocada em adolescentes no Brasil, 2007-2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2020, vol. 29, no. 2, e2019060. ISSN: 2237-9622 [viewed 17 September 2021]. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200006. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/cCPKJyKTdbYvMCVJFbvGbCs/?lang=en#
WANZINACK, C.; TEMOTEO, A., and OLIVEIRA, A. L. Mortalidade por suicídio entre adolescentes/jovens brasileiros: um estudo com dados secundários entre os anos de 2011 a 2015. Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar [online]. 2017, vol. 10, no. 2, pp. 106-117. ISSN: 1983-8921 [viewed 17 September 2021]. https://doi.org/10.5380/diver.v10i2.54974. Available from: https://revistas.ufpr.br/diver/article/view/54974/34899
WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Preventing suicide: a global imperative. Geneva: World Health Organization, 2014. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/131056/9789241564779_eng.pdf?sequence=1
Para ler o artigo, acesse
NASCIMENTO, F. C. dos S., et al. Suicídio por autointoxicação entre adolescentes e adultos jovens brasileiros: estudo de séries temporais. Cienc Cuid Saude [online]. 2021, vol. 20, e57899. e-ISSN: 1984-7513 [viewed 16 September 2021].https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v20i0.57899. Available from: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/57899/751375152406
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