Thaís Maranhão, Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.
Aline Marques Acosta, Enfermeira, Professora adjunta da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Editora Associada da Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, RS, Brasil.
João Lucas Campos de Oliveira, Enfermeiro, Professor adjunto da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Editor-chefe substituto da Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, RS, Brasil.
A superlotação dos serviços de emergência é antiga conhecida em diversos países. Situação constantemente pautada nas mídias, principalmente com imagens de corredores lotados de pacientes, com a falta de espaço e de leitos e elevado tempo de espera para atendimento, reflete um problema crônico do sistema de saúde no Brasil. Diversos fatores influenciam a superlotação desses serviços, porém, a prolongação do tempo de permanência de pacientes nesses serviços e a falta de leitos hospitalares são pontuadas como causas-raízes (BOLDORI et al., 2021).
Cumpre destacar que a superlotação dos serviços de emergência agravou-se diante da pandemia de COVID-19, com o aumento da procura de atendimentos e, com isso, a necessidade de reorganização de fluxos assistenciais e processos de trabalho. Acerca disso, defende-se a ideia de que o uso estratégico de ferramentas de gestão é pertinente ao contexto das urgências e emergências, inclusive daquelas com potencial para reduzir os gargalos de atendimento, aumentar o turn over de pacientes e otimizar o trabalho assistencial, além de primar pela qualidade do cuidado (ROCHA et al., 2021).
Com o intuito de disponibilizar uma ferramenta de gestão para os serviços de urgência, pesquisadores publicaram o artigo na Revista Gaúcha de Enfermagem (vol. 42), intitulado “Adaptação transcultural da escala National Emergency Department Overcrowding Score (NEDOCS) para uso no Brasil”, que teve como questão de pesquisa: como realizar o monitoramento contínuo e atualizado dos níveis de lotação em Serviços de Emergência?
O estudo foi do tipo metodológico, de adaptação transcultural da escala NEDOCS para o português do Brasil, isto é, desenvolveu as etapas de tradução inicial, síntese das traduções, retrotradução, comitê de especialistas, pré-teste e apreciação da escala pelo autor original. Ainda que existam experiências positivas de utilização desta ferramenta no Brasil, com melhora significativa na diminuição do tempo de permanência e de superlotações (PREFEITURA DE TERESINA, 2019), ela tem sido utilizada sem o desenvolvimento das etapas de tradução e adaptação transcultural, as quais aumentam o grau de confiabilidade da escala.
Na escala NEDOCS são avaliados sete variáveis relacionadas aos seguintes aspectos verificados no serviço de emergência: número de pacientes em atendimento; acomodações disponíveis; total de pacientes com prescrição de internação; número de leitos (oficiais) do hospital destinados ao serviço de emergência; número de pacientes em ventilação; tempo de permanência de um paciente com prescrição de internação no serviço; e tempo de espera aguardado pelo último paciente de maior risco, para o primeiro atendimento médico. O resultado é apresentado em um escalonamento de 0 a 200 pontos, cujos valores são estratificados conforme a ocupação, sendo a superlotação determinada a partir do escore 101. O estudo é inédito e traz como principal contribuição a disponibilização da NEDOCS para a utilização em território brasileiro, garantindo equivalência conceitual, semântica, cultural e operacional em relação aos itens originais da escala.
Entendemos que a ferramenta NEDOCS adaptada ao contexto brasileiro pode ser estratégica para o gerenciamento da ocupação e do fluxo de pacientes nos serviços de emergência, possibilitando a tomada de decisão baseada em evidências para melhorar a fluidez dos atendimentos e reduzir o tempo de permanência, o que tende a qualificar o atendimento dos serviços e contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Referências
PREFEITURA DE TERESINA. Fundação Municipal de Saúde. Notícias. HUT diminui tempo de atendimento na urgência de 24 para oito horas. [viewed 9 September 2021]. Available from: https://pmt.pi.gov.br/tag/nedocs/
ROCHA, D. O. et al. Impacto da metodologia lean na permanência dos pacientes de um pronto socorro. Cogitare enferm. [online]. 2021, vol. 26, e71970. e-ISSN: 2176-9133 [viewed 14 September 2021]. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v26i0.71970. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/
Para ler o artigo, acesse
BOLDORI, H.M., et al. Adaptação transcultural da escala National Emergency Department Overcrowding (NEDOCS) para uso no Brasil. Rev. Gaúcha Enferm. [online]. 2021, vol. 42, e-20200185. e-ISSN: 1983-1447 [viewed 9 September 2021]. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20200185. Available from: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/xdGwwLty9y39tKHYn6b45nH/?format=pdf&lang=pt
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