Glilciane Morceli, Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Passos, MG, Brasil.
O artigo Sífilis na gestação, fatores associados à sífilis congênita e condições do recém-nascido ao nascer, publicado no periódico Texto & Contexto Enfermagem (vol. 30), traz uma importante associação entre o aumento no número de consultas de pré-natal com o declínio de casos de sífilis congênita (ALMEIDA et al., 2021). Esses resultados são relevantes, visto que, em 2016 no Brasil foram notificados 37.436 casos de sífilis em gestantes e 20.474 recém-nascidos com sífilis congênita. Os números representam um incremento de 10% em relação a 2015 e 40% quando comparado com o ano de 2010 (BRASIL, 2017).
A sífilis congênita é doença que pode ser prevenida, a gestante portadora da doença deve ser diagnosticada precocemente e tratada de forma rápida durante a assistência pré-natal. O tratamento deve incluir o parceiro sexual. Os autores destacaram a atuação dos enfermeiros na Atenção Primária à Saúde (APS) para o acompanhamento durante o pré-natal, incluindo ações que objetivam a diminuição da perda de oportunidades de captação das gestantes durante atendimentos na unidade de saúde e a busca ativa na comunidade. Outras ações incluem a oferta de testes de gravidez no local de acompanhamento pré-natal, com acesso imediato ao resultado e atendimento inicial assim que confirmado o diagnóstico de gravidez, garantir vaga para o retorno, disponibilizar vagas para atendimentos não agendados em caso de queixa da gestante.
Os autores realizaram uma coorte com coleta de dados entre julho e setembro de 2017, incluíram 158 gestantes com sífilis na gestação, notificadas entre 2013 a 2015 e a avaliação das crianças diagnosticadas com sífilis congênita aos 18 meses de vida, para verificação da situação sorológica. As variáveis de exposição sociodemográficas, relativas ao pré-natal e à adequação do tratamento da sífilis materna, foram analisadas pelo critério stepwise de seleção, e aquelas que apresentaram p<0,20, incluídas em análise ajustada, quando se adotou p crítico <0,05.)
Outro aspecto abordado pelo artigo foi a prevenção da sífilis congênita com a adoção da recomendação da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2017), que incluiu oito consultas de seguimento mínimo no pré-natal. Os achados do estudo revelaram que o número mediano de consultas foi sete e que mais da metade das mães com sífilis não atingiu o número de consultas que é atualmente recomendado, o que resultou em 33 recém-nascido com intercorrências ao nascimento, principalmente icterícia, restrição de crescimento intrauterino e anemia demostrando mais uma vez a importância do pré-natal na prevenção de agravos à saúde materno-fetal.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico: Sífilis 2017 [online]. 2017, vol. 48, pp. 34-41. E-ISSN: 2358-9450 [viewed 26 October 2021]. Available from: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2017
WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience. Genebra: World Health Organization, 2017.
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Para ler o artigo, acesse
ALMEIDA, A. S., et al. Sífilis na gestação, fatores associados à sífilis congênita e condições do recém-nascido ao nascer. Texto & Contexto Enfermagem [online]. 2021, vol. 30, e20200423. ISSN: 1980-265X [viewed 26 October 2021]. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0423. Available from: https://www.scielo.br/j/tce/a/DcJG3jTsbHtr8BvRT3PLZsm/#
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