O que universitários percebem sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis?

Magda Guimarães de Araujo Faria, Editora associada da Revista Enfermagem UERJ, Professora adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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A adolescência e a juventude são observadas como fases em que o indivíduo tem um potencial risco de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e, associado ao ingresso na vivência universitária, esse risco é aumentado devido a vivência de descobertas, espaços sociais e contextos diferentes e instigantes (SPÍNDOLA et al., 2020). A vivência de novas experiências sexuais na adolescência comumente está articulada ao restrito conhecimento sobre ISTs e suas formas de contágio, fazendo com que este tipo de intercorrência seja uma das principais razões para a busca por serviços de saúde entre a população de países em desenvolvimento (PINTO et al., 2018).

Assim, no artigo “Não vai acontecer: percepção de universitários sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis”, publicado no periódico Revista Enfermagem UERJ (vol. 28), objetivou-se identificar as práticas sexuais de jovens universitários em seus relacionamentos afetivos e analisar a percepção dos estudantes em relação à vulnerabilidade às ISTs. Para atingir tal objetivo foi realizado um estudo descritivo com abordagem qualitativa que contou com 30 participantes com a seguinte caracterização: 26 entre idades de 18-24 anos; 16 eram solteiros, sem namorado ou companheiro; 28 não tinham filhos e, 25 residiam com os pais. A coleta de dados se deu a partir da realização de grupos focais, cujos diálogos gravados e transcritos foram analisados sob a luz da análise de conteúdo temático-categorial.

Em relação a análise das práticas sexuais dos jovens universitários, percepções convergiram para a identificação de comportamentos sexuais baseados na oportunidade e na intensidade das relações. Além disso, a pesquisa revelou jovens com relacionamentos flutuantes e descompromissados, o que pode favorecer as vulnerabilidades para as IST.  Já sobre a percepção dos jovens a respeito da vulnerabilidade diante das IST, observou-se que há um sentimento de “proteção” baseado em experiências anteriores nas quais não houve prejuízo para a saúde. O uso do preservativo, por exemplo, é uma realidade a depender de diversas características que variavam desde a aparência do parceiro(a) e a utilização de substâncias como o álcool antes do ato sexual.

Não há diferenças significativas no campo da percepção, sobre vulnerabilidade associada ao sexo, já que homens e mulheres reconheceram ser vulneráveis à IST, entretanto, jovens homoafetivos demonstraram uma maior preocupação devido ao preconceito e estereótipo relacionado a contaminação pelo HIV, sobretudo, em relação ao sexo masculino. É necessário refletir sobre o papel da universidade frente aos casos de acometimento de jovens por IST, pois as atividades de educação em saúde voltadas para esta população poderiam ser um fator protetivo à saúde dos universitários já que estes são um grupo de reconhecida vulnerabilidade para tais adoecimentos.

Referências

PINTO, V.M., et al. Factors associated with sexually transmitted infections: a population based survey in the city of São Paulo, Brazil. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2018, vol. 23, no. 7, pp. 2423-2432. https://doi.org/10.1590/1413-81232018237.20602016. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018000702423&lng=en&nrm=iso.

Para ler o artigo, acesse

SPINDOLA, T., et al. Não vai acontecer: percepção de universitários sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis. Revista Enfermagem UERJ [online]. 2020, vol. 28, e49912. ISSN: 0104-3552 [viewed 20 April 2021]. https://doi.org/10.12957/reuerj.2020.49912. Available from: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/49912/35427

Links externos:

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/issue/view/2313

https://doi.org/10.12957/reuerj.2020.49912

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

FARIA, M. G. A. O que universitários percebem sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis? [online]. BlogRev@Enf, 2021 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2021/05/21/o-que-universitarios-percebem-sobre-praticas-sexuais-e-vulnerabilidade-as-infeccoes-sexualmente-transmissiveis/

 

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