Estudo identifica mais de 10 atividades dos enfermeiros na alta hospitalar responsável

Gisele Knop Aued, Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Aline Marques Acosta, Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

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O artigo Alta hospitalar responsável: validação de conteúdo de atividades do enfermeiro (Zanetoni, Cucolo, Perroca, 2022), publicado no periódico Revista Gaúcha de Enfermagem, teve como objetivo desenvolver e validar uma lista de atividades a serem realizadas pelo enfermeiro na alta hospitalar responsável. Até então, ainda não tinham sido identificados estudos nacionais que abordassem o modelo da alta responsável. 

A alta hospitalar responsável refere-se à transição do cuidado e envolve diferentes mecanismos, como a orientação aos pacientes e familiares sobre a continuidade do tratamento, articulação com os demais pontos da Rede de Atenção à Saúde, especialmente a Atenção Básica, e implantação de mecanismos de desospitalização (BRASIL, 2013).

O estudo de validação de conteúdo contou com duas etapas. Na primeira foram mapeadas as atividades realizadas pelo enfermeiro na alta responsável, com base em um levantamento bibliográfico. Nesse processo, foram listadas um total de 14 atividades. 

Na etapa seguinte, realizada entre abril e agosto de 2020, os 14 itens gerados foram organizados em uma escala Likert e submetidos a validade de conteúdo por grupo de juízes através da técnica Delphi. Posteriormente, foi calculado o índice de validade de conteúdo dos itens (IVC-I) a partir da proporção de concordância do grupo de juízes.

Oito profissionais participaram da validação da listagem de atividades para a alta hospitalar. Na primeira rodada da técnica Delphi, o índice de validade de conteúdo variou de 0,70 (contato pós-alta e agendamento de visita domiciliar) a 1,0 e, na segunda rodada, a variação foi de 0,60 (contato telefônico pós-alta) a 1,0. 

Mão de um médico prescrevendo uma receita em uma prancheta.

Imagem: Freepik.

Foram validadas 13 das 14 atividades propostas, as quais vão desde a identificação dos critérios de elegibilidade para a alta responsável até a identificação de problemas após a alta hospitalar. Destaca-se que a atividade “Realizar acompanhamento do paciente/família através de contato telefônico até sete dias após a alta hospitalar para esclarecer dúvidas e reforçar orientações”, não obteve consenso pré-estabelecido entre os especialistas e foi suprimida da lista de atividades. 

O conjunto de atividades elencadas para a alta responsável converge em alguns pontos com o modelo de gestão de altas do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), centrado na enfermeira de ligação. Isso inclui a identificação dos pacientes com potencial benefício pela gestão da alta hospitalar, a realização do plano de alta em conjunto à equipe multiprofissional e a troca de informações entre o hospitalar e os demais serviços (Bernardino, et al., 2022).  

A lista de atividades do enfermeiro viabiliza a adequação do quadro de pessoal de enfermagem por meio da identificação do tempo despendido do enfermeiro com as ações da alta responsável, contribuindo para a segurança do paciente na alta hospitalar, para a continuidade e integralidade do cuidado, bem como para a redução das readmissões hospitalares. Além disso, o conjunto de atividades contribui para direcionar enfermeiros gestores e gestores hospitalares que almejam implementar a gestão da alta hospitalar pautada no modelo da alta responsável. 

Os autores sugerem novas pesquisas com um maior número de enfermeiros que atuam no processo de alta responsável para analisar a viabilidade de os enfermeiros do âmbito hospitalar acompanharem o paciente/família após a internação.

Referências

BERNARDINO, E., et al. Modelo complexo hospital de clínicas de gestão de alta: concepção e implantação. Cogitare Enferm. 2022, vol. 27, e84227 [viewed 16 November 2023]. https://doi.org/10.5380/ce.v27i0.84227. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/84227/pdf  

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Gabinete do Ministro. Portaria no 3.390, de 30 de dezembro de 2013. Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo-se as diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS) [online]. Brasília, DF: Ministério da Saúde. 2013 [viewed 16 November 2023]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013.html  

Para ler o artigo, acesse

ZANETONI, T.C, CUCOLO, D.F. and PERROCA, M.G. Alta hospitalar responsável: validação de conteúdo de atividades do enfermeiro. Rev Gaúcha Enferm [online]. 2022, vol. 43, e20210044 [viewed 16 November 2023]. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2022.20210044.pt. Available from: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/Jz5JcDWxdyY8tYn5QnrmXHk/

Links externos

Revista Gaúcha de Enfermagem– SciELO:  http://www.scielo.br/rgenf

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

AUED, G.K. and ACOSTA, A.M. Estudo identifica mais de 10 atividades dos enfermeiros na alta hospitalar responsável [online]. BlogRev@Enf, 2023 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2023/11/16/estudo-identifica-mais-de-10-atividades-dos-enfermeiros-na-alta-hospitalar-responsavel/

 

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