Elaine Cristina Carvalho Moura, Enfermeira, Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. E-mail: elaineccmoura@outlook.com
Violeta Lopez, Enfermeira, Professora, School of Nursing, Hubei University of Medicine, China.
Samuel Freitas Soares, Enfermeiro, Gerente de Enfermagem da Neoclínica, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
As crises enfrentadas pela humanidade costumam deixar legado de reflexão, aprendizagem e mudança. As medidas de controle da COVID-19 envolvem ações epidemiológicas. Com o avanço da doença no panorama internacional, a linguagem dessa ciência agora faz parte da vida coletiva. Estudiosos da área da comunicação, promoveram uma reflexão sobre a influência da comunicação eficaz de informações epidemiológicas, no engajamento da comunidade às medidas de controle para enfrentamento da doença no Brasil da era digital.
O artigo publicado no periódico Cogitare Enfermagem (vol. 25), intitulado: “Informações epidemiológicas sobre a COVID-19: influência da cibercultura no engajamento popular às medidas de controle”, os pesquisadores mapearam o perfil de consumo de notícias e, como este influencia a inteligência coletiva do ciberespaço brasileiro. Estes direcionamentos serviram para analisar como o brasileiro filtra as informações que consome, revelando que 62% acreditam nas n otícias que acompanham, antes de verificar a veracidade, e 58% as compartilha (IPSOS PUBLIC AFFAIRS, 2018). Outra informação relevante, é que boa parte dos entrevistados, acredita que o brasileiro não saberia filtrar qual a verdade nas notícias consumidas (NEWMAN et al., 2019).
Também foram analisadas as diretrizes e responsabilidades das autoridades políticas e sanitárias quanto a gestão dos sistemas de saúde, e difusão da informação durante a pandemia. Foi destacado a importância do rastreamento rigoroso de contato e expansão dos testes diagnóstico para o efetivo rompimento da cadeia de transmissão da COVID-19. Foram abordados exemplos exitosos de enfretamento em países asiáticos, por meio da experiência de Cingapura quanto a criação de soluções digitais de rastreamento de contatos, informação confiável dos dados epidemiológicos, medidas de combate oficiais a notícias falsas e, também, de pacotes econômicos de subsídio ao impacto das medidas de controle.
O ciberespaço, na era digital, favorece o desenvolvimento de uma inteligência coletiva na qual o emissor que visualiza a informação reage a ela, muitas vezes imediatamente, inclusive em assuntos técnicos (LÉVY, 2011). Perturbações nesse mecanismo geram ruídos (LITTEJONH; FOSS, 2011). Fatos ruidosos nas informações epidemiológicas oficiais brasileiras ocorreram em 04/06/2020, quando o layout do Painel Corona-Vírus foi interrompido e modificado na intenção de fornecer informações de óbitos por cada dia, sob alegação de que dados cumulativos das Secretarias de Saúde precisavam ser conferidos. Embora essa alteração não tenha prosperado, ela fez surgir uma inteligência coletiva no ciberespaço alimentado por informações não confiáveis, gerando perturbação de alcance exponencial e caótico (LÉVY, 2011).
Uma vez que toda a população está suscetível ao vírus, para filtrar a verdade nas informações da era digital, é crucial a disseminação transparente das informações oficiais quanto as ações emergenciais de controle. A gestão eficaz da pandemia depende dessa comunicação transparente, uma vez que essa doença não negocia com a omissão de informações. Assim, quanto mais detalhadas forem as informações oficiais, maior será a adesão e apoio das populações às condições de controle, mais consciência dos deveres das autoridades, e garantia dos direitos coletivos e individuais.
A pesquisa contextualiza que a COVID-19 é pandemia de interesse global. Estudos internacionais têm buscado desenvolver tratamento e vacina eficazes. Medidas de controle tem se focado na capacidade dos sistemas de vigilância mapearem risco comunitário para romper as cadeias de transmissão. No Brasil, a comunicação em massa/digital tem esbarrado na crise político-econômica pré-existente, prejudicando a disseminação de informações oficiais confiáveis e o enfrentamento da doença.
Referências
IPSOS PUBLIC AFFAIRS. Fake news, filter bubbles, post-truth and trust: a study across 27 countries. [Internet] Ipsos; 2018 [reviewed 16 July 2020]. Available from: https://www.ipsos.com/en/fake-news-filter-bubbles-and-post-truth-are-other-peoples-problems
LÉVY, P. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.
LITTEJONH, S.W. and FOSS, K.A. Theories of human communication. 10th. ed. Long Grove: Waveland, 2011.
NEWMAN, N., et al. Reuters Institute Digital News Report 2019. University of Oxford: Reuters Institute for Journalism, 2019.
Para ler o artigo, acesse
MOURA, E.C.C.; LOPEZ, V. and SOARES, S.F. Informações epidemiológicas sobre a COVID-19: influência da cibercultura no engajamento popular às medidas de controle. Cogitare enferm [online], 2020, vol. 25, e74566. e-ISSN: 2176-9133 [viewed 25 August 2020]. DOI: 10.5380/ce.v25i0.74566. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/74566
Links externos
http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=1414-8536&lng=pt&nrm=iso
https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
https://www.who.int/publications/i/item/contact-tracing-in-the-context-of-covid-19
https://www.moh.gov.sg/covid-19
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/infection-control.html
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