É possível o ensino remoto emergencial no processo de formação da enfermagem?

Adriana Aparecida Paz, Editora associada da Revista Gaúcha de Enfermagem, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil. 

Luccas Melo de Souza, Editor associado da Revista Gaúcha de Enfermagem, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil. 

Wiliam Wegner, Editor associado da Revista Gaúcha de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. 

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A crise sanitária instituída pela pandemia da COVID-19 exigiu, das instituições de ensino superior, a reorganização do processo ensino-aprendizagem presencial para a modalidade de ensino remoto emergencial (ERE), a fim de evitar a propagação do SARS-CoV-2. Estas mudanças demandam o acompanhamento e a avaliação de quais desfechos podem advir com o ERE na formação de Enfermagem (MORIN, 2020). Paralelo e anterior à pandemia, há um movimento entre os profissionais de saúde/enfermagem, órgãos de classe e associações profissionais de que o ensino na área da saúde deve ser presencial, experiencial e que envolva interação entre discentes, docentes, pacientes, familiares e equipe de saúde.

O artigo intitulado “Pandemia da COVID-19, ensino emergencial a distância e Nursing Now: desafios à formação em enfermagem”, publicado na Revista Gaúcha de Enfermagem (vol. 42), resgata reflexões sobre as medidas de controle da pandemia e a suspensão de aulas presenciais, concomitante aos desafios na adoção de recursos digitais. Salienta as dificuldades para manter a qualidade do ensino, a desigualdade no acesso aos recursos digitais e a falta de preparo da docência para atividades remotas (SILVA et al., 2021).

De fato, os cursos na modalidade presencial tiveram que se reinventar, adotando plataformas digitais, aplicativos e softwares para se aproximar do desejado processo de ensino-aprendizagem e atender à formação específica da Enfermagem (BASTOS et al., 2020). Os desafios do ERE começaram de forma imediata, acentuada com o pouco preparo/experiência dos docentes no uso de tecnologias digitais. Essas dificuldades se dão tanto no domínio teórico e tecnológico das ferramentas, quanto na operacionalização de um ensino adaptado e flexível ao momento pandêmico, sobretudo em processos de ensino-aprendizagem que envolvem a construção de conhecimento e experiências pautadas nas relações interpessoais em serviços de saúde, que mantiveram medidas de restrição para aulas e práticas supervisionadas (BASTOS et al., 2020).

Conjuntamente, emerge com força a discussão sobre o Ensino a Distância e sua inviabilidade prática na formação da Enfermagem, e esse pensamento não pode ser enfraquecido com a pandemia. Os discentes têm um papel importante neste cenário, gerando certa dualidade: desejam avançar no curso e concluir a graduação para ingressar no mercado de trabalho, mas convivem com o receio de atuar no enfrentamento de uma pandemia que ceifa vidas. O docente tem o dever de assumir seu papel social, primando pela formação qualificada, com experiências presenciais que promovam competências fundamentais ao exercício profissional. A Enfermagem atua com estreita relação com pacientes/usuários, pautada pelo relacionamento interpessoal já nos semestres iniciais de formação. Com o ERE imposto pela pandemia, a supressão da vivência prática limita o desenvolvimento de habilidades, atitudes e competências essenciais.

O estudo conclui que é preciso responder ao desafio do ERE com um ensino colaborativo, valorizando as potencialidades dos estudantes, pois são profissionais em formação e evolução. Portanto, é necessário defender as relações interpessoais presenciais na formação do enfermeiro, ao mesmo tempo em que se dá o espaço para o uso das potencialidades tecnológicas que foram necessárias com o ERE (SILVA et al., 2021).

Referências

BASTOS, M.C., et al. Ensino remoto emergencial na graduação em enfermagem: relato de experiência na COVID-19. REME – Rev Min Enferm. [online]. 2020, vol. 24, e-1335. e-ISSN: 2316-9389 [viewed 9 July 2021]. http://www.dx.doi.org/10.5935/1415.2762.20200072. Available from: http://reme.org.br/artigo/detalhes/1495

MORIN, K.H. Nursing education after COVID-19: Same or different? J Clin Nurs. [online]. 2020, vol. 29, no. 17/18, pp. 3117-3119. e-ISSN: 1365-2702 [viewed 9 July 2021]. https://doi.org/10.1111/jocn.15322. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jocn.15322

Para ler o artigo, acesse

SILVA, C.M., et al. COVID-19 pandemic, emergency remote teaching and Nursing Now: challenges for nursing education. Revista Gaúcha de Enfermagem [online]. 2021, vol. 42, n. Spe, e20200248. ISSN: 1983-1447 [viewed 9 July 2021]. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20200248. Available from: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/yHrLzPVB7ZwpDN3QH3FnQkG/?lang=en#

Links externos:

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https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/diferencas-ead-ensino-remoto/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

PAZ, A. A., SOUZA, L. M. and WEGNER, W. É possível o ensino remoto emergencial no processo de formação da enfermagem? [online]. BlogRev@Enf, 2021 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2021/07/16/e-possivel-o-ensino-remoto-emergencial-no-processo-de-formacao-da-enfermagem/

 

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