Quais os benefícios da terapia pela arte em sala de espera cirúrgica?

Edgar Amatuzzi, Marcela Astolphi de Souza, Luciana de Lione Melo, Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil. E-mails: edgaramatuzzi@gmail.com, marcela.astolphi@gmail.com

O artigo intitulado “Vivências de famílias de crianças em intraoperatório: a arte como possibilidade de cuidado”, publicado na Revista Enfermagem UERJ (v. 27), buscou compreender as vivências de famílias de crianças que estavam aguardando cirurgia, participando de oficina de biscuit em sala de espera cirúrgica, em um hospital público, de ensino, no interior do Estado de São Paulo. As intervenções artísticas com famílias podem ser realizadas por profissionais de saúde (HOWARTH, 2018), inclusive enfermeiros, mas não há evidências destas intervenções no período intraoperatório de crianças (DERIEG, 2016), o que demonstra o ineditismo deste estudo.

O estudo utilizou-se da metodologia qualitativa com abordagem fenomenológica, realizada em dois serviços de Enfermagem, em Centro Cirúrgico e Internação Pediátrica, com 13 famílias de crianças submetidas à cirurgia. Inicialmente, as famílias que aguardavam a realização das cirurgias foram convidadas a participar de uma oficina de biscuit, com temática livre. Foram oferecidas peças de massa de biscuit em diferentes cores, rolo plástico, palitos de dente e sorvete, dispostos sobre uma mesa de centro. Nessa ocasião, as famílias foram informadas de que poderiam manipular a massa da forma que desejassem. Posteriormente, as famílias de crianças foram convidadas a discursarem sobre suas experiências, mediante a seguinte questão: “Como foi para você aguardar a cirurgia da sua criança? Como você se sentiu participando de uma Oficina de Biscuit neste momento?”. As entrevistas foram gravadas e transcritas posteriormente; e o sigilo em relação às identidades das famílias foi garantido.

Os resultados demonstraram as percepções das famílias por meio de três categorias temáticas: 1) Durante o procedimento cirúrgico — vivenciando momentos difíceis. As famílias revelaram expectativas sobre o sucesso e/ou insucesso da cirurgia e demonstraram sentimentos de angústia, desespero e medo diante da possibilidade de perder a criança durante o procedimento. 2) Além do procedimento cirúrgico — vivenciando novos sentimentos durante a oficina de biscuit. Essa categoria temática demonstrou que as famílias se sentiram mais calmas, tranquilas e relaxadas, pois ao manipular a massa de biscuit tiveram a sensação de transmitir o estresse do momento para a massa. A oficina realizada em grupo possibilitou, também, que as famílias compartilhassem sentimentos e experiências entre si. 3) Compreendendo a oficina de biscuit como um modo de cuidado a família. Proporcionar essa intervenção artística às famílias gerou sentimentos de acolhimento e conforto. Segundo os relatos, as famílias perceberam que a instituição hospitalar propôs uma forma inovadora de atender às necessidades da criança e família, sendo a oficina de biscuit considerada como um modo de cuidado. Junto a isso, o reconhecimento desse cuidado mobilizou sentimento de gratidão nessas famílias, e o desejo de relembrar essa experiência para depois da hospitalização.

Assim, o uso da arte para cuidar de famílias que vivenciam a espera da cirurgia pediátrica pode ser benéfica, pois promove alívio de estressores e sentimento de cuidado às famílias, além de ser uma intervenção de enfermagem acessível e de baixo custo, como com o biscuit. Entretanto, há necessidade da apropriação do enfermeiro em utilizar-se destas intervenções na prática assistencial e na pesquisa científica.

Referências

DERIEG, S. An overview of perioperative care for pediatric pacients. AORN Journal, v. 104, n. 1, p. 4-10, 2016. Avaliable from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27350350

HOWARTH, L. (2018). Creative health: the arts for health and wellbeing. Perspectives in Public Health, 138(1), 26–27. https://doi.org/10.1177/1757913917736680

ROYAL SOCIETY FOR PUBLIC HEALTH. Creative health: the arts for health and wellbeing. Perspect. public health., v. 138, n. 1, p. 26-27, 2018. Avaliable from: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1757913917736680

Para ler o artigo, acesse

AMATUZZI, Edgar; SOUZA, Marcela Astolphi; MELO, Luciana de Lione. Vivências de famílias de crianças em intraoperatório: a arte como possibilidade de cuidado. Rev. enferm. UERJ, v. 27, e36678, 2019. Disponível em: http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-35522019000100304&lng=pt&nrm=iso

Links externos

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj

Grupo de Estudos sobre Criança, Adolescente e Família – GECAF – UNICAMP: http://www.fenf.unicamp.br/sites/default/files/paganex/gecaf_-_para_o_site_da_fenf.pdf

Grupo de Estudos do Brinquedo – GEBrinq – UNIFESP: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2802038755649933

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

AMATUZZI, E., SOUZA, M. A. and MELO, L. L. Quais os benefícios da terapia pela arte em sala de espera cirúrgica? [online]. BlogRev@Enf, 2019 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2019/09/27/quais-os-beneficios-da-terapia-pela-arte-em-sala-de-espera-cirurgica/

 

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