Como organizar Grupos Reflexivos com homens para prevenir a violência conjugal?

Fernanda Matheus Estrela, Docente da Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil. E-mail: nanmatheus@yahoo.com.br

Nadirlene Pereira Gomes, Docente da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil. E-mail: nadirlenegomes@hotmail.com

Julia Renata Fernandes Magalhães, Doutoranda da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil. E-mail: julinha_cte@hotmail.com

Estudo desenvolvido por enfermeiras da Universidade Federal da Bahia descreve o processo de construção de Grupos Reflexivos com Homens em processo jurídico, na 2ª vara de justiça pela Paz em Casa. Os resultados foram publicados no artigo “Grupos reflexivos com homens para prevenção da violência conjugal: como organizá-los”, disponível na Revista Baiana de Enfermagem (v. 33).

Seu desenvolvimento e divulgação justifica-se pelos expressivos números de mulheres em situação de violência conjugal que adoecem e/ou morrem em decorrência do agravo, o que requer estratégias de prevenção do fenômeno.

Neste ínterim, a Lei Maria da Penha, além de aumentar o rigor das punições, reconhece a importância de ações educativas direcionadas aos homens. Contudo, apesar de estudos nacionais e internacionais defenderem a relevância destes espaços de reflexão e diálogo para os homens, principalmente pelo reconhecimento de suas atitudes e mudanças no agir (MORRISON et al., 2018), existem poucas evidências que explicitem tal caminho, o que sugere reduzida utilização da estratégia de grupos reflexivos com homens. No Brasil, entre as 26 unidades federativas do país, apenas seis estados os realizam, sem deixar clara a maneira de organização (BEIRAS; NASCIMENTO, 2017).

Foi demonstrado que os requisitos necessários para o desenvolvimento destes espaços são: definição de um projeto didático-metodológico, a partir do planejamento detalhado de cada encontro que tratavam dos assuntos gênero, masculinidades, relações familiares e resolução pacífica de conflitos. Além disso, é necessária a obtenção de recursos humanos, materiais e financeiros, que devem ser cuidadosamente escolhidos, considerando as atividades previstas e o fato de que os facilitadores dos grupos podem ser profissionais de diferentes áreas de atuação, desde que devidamente capacitados. Quanto à escolha do espaço físico para essas atividades, deve ser priorizado local com maior facilidade de acesso aos participantes. Já a estratégia para a captação do público-alvo requer articulação intersetorial, sendo exemplo a busca pelas varas de justiça.

Esse passo-a-passo foi delineado no desenvolvimento da tese de doutorado “Tecnologia Social para Homens com Vistas à Prevenção da Violência Conjugal” (ESTRELA, 2018), que viabilizou a proposta didático-metodológica em questão, com uso da pesquisa-ação que, enquanto método de criação de tecnologia social, tem ênfase na participação popular, especialmente na saúde coletiva (THIOLLENT, 2012). Durante o desenvolvimento do referido estudo, foram descritos: diagnóstico, planejamento das ações, execução das ações, avaliação e análise dos dados.

Assim, os resultados encontrados contribuem por subsidiar o desenvolvimento dos Grupos Reflexivos com homens, não apenas no âmbito das varas de violência, podendo também ser replicado em empresas, escolas, comunidades, inclusive para homens sem histórico de violência conjugal, sobretudo, adolescentes.

Referências

BEIRAS, A.; NASCIMENTO, M. Homens e violência contra mulheres. Pesquisa e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2017.

ESTRELA, F. M. Tecnologia social para homens com vistas a prevenção da violência conjugal. 2018. 133 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

MORRISON, P. K. et al. The challenges of working with men who perpetrate partner violence: perspectives and observations of experts who work with batterer intervention programs. J Interpers Violence, v. 1, 886260518778258, 2018. Available from: http://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0886260518778258

THIOLLENT, M. Fundamentos e desafios da pesquisa-ação: contribuições na produção dos conhecimentos interdisciplinares. In: TOLEDO, R. F.; JACOBI, P. R. (Org.). A pesquisa-ação na interface da saúde, educação e ambiente: princípios, desafios e experiências interdisciplinares. São Paulo: Annablume, 2012. p. 19-39.

Para ler o artigo, acesse

ESTRELA, F. M. et al. Grupos reflexivos com homens para prevenção da violência conjugal: como organizá-los. Revista Baiana de Enfermagem, v. 33, e32999, 2019. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/32999

Link externo

Revista Baiana de Enfermagem: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem

https://instagram.com/grupovida_eeufba?igshid=4emw0qnbrpcg

http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/14130

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

ESTRELA, F. M. et al Como organizar Grupos Reflexivos com homens para prevenir a violência conjugal? [online]. BlogRev@Enf, 2020 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2020/01/10/como-organizar-grupos-reflexivos-com-homens-para-prevenir-a-violencia-conjugal/

 

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