Fatores sociais e falta de acompanhamento pré-natal estão relacionados com maior risco de prematuridade

Aline Adryane Morishigue Bássiga da Cruz, Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

Lucas Cardoso dos Santos, Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

Rúbia Aguiar Alencar, Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

Logo do periódico Acta Paulista de EnfermagemNo artigo intitulado Fatores de natureza social associados ao risco de prematuridade em município paulista, os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB/UNESP) avaliaram a relação entre fatores sociais e a ocorrência de prematuridade.

Os autores observaram que as mães sem acompanhamento adequado de pré-natal e as que já tiveram um filho morto antes dos cinco anos de vida apresentam risco maior de ter um bebê prematuro, isto é, o bebê nascer com menos de 37 semanas.

As mortes de bebês e crianças até um ano de vida são preocupações mundiais, e o número de óbitos no primeiro mês de vida ultrapassa dois milhões em todo mundo. A identificação dos riscos durante o pré-natal, parto e desenvolvimento do recém-nascido é essencial para a implementação de ações que impactam significativamente no cuidado e no desfecho positivo do bebê [1,2].

Nesse sentido, o Ministério da Saúde define critérios para auxiliar na classificação de recém-nascidos no nascimento para prevenir doenças e garantir o cuidado mais adequado nessa fase tão importante da vida. Dentre os riscos indicados, a prematuridade se destaca por ser responsável pela morte de 1,1 milhão de bebês devido a complicações dessa condição [2].

Algumas pesquisas indicam que há um aumento direto no risco para a prematuridade entre mães que não tiveram acesso ou realizaram o acompanhamento de pré-natal adequadamente, mães adolescentes e com baixas condições socioeconômicas. Porém ainda são necessários estudos para melhor compreender os fatores relacionados a essa condição. Com isso, este estudo teve como objetivo identificar as associações dos fatores de risco de natureza social com a prematuridade [3-5].

Os riscos sociais considerados para a pesquisa foram: irmão morto com menos de 5 anos; idade materna menor que 16 anos; mãe impossibilitada de cuidar da criança por problemas psiquiátricos, dependência química, reclusão, doença ou outro problema; mãe analfabeta; mãe sem companheiro e sem apoio familiar; mãe sem segmento de pré-natal e chefe de família sem renda.

Já os riscos biológicos: peso abaixo de 2.500g ao nascer, prematuridade, malformação congênita maior ou múltipla/doença genética, internação em unidade de terapia intensiva/unidade de cuidados intermediários e escala de Apgar de cinco minutos menor que sete. Para ser considerado um bebê de risco, os recém-nascidos precisam apresentar pelo menos um risco social ou dois riscos biológicos.

Foram incluídos na amostra 4.480 recém-nascidos identificados a partir de fichas de classificação utilizadas pelo município de Botucatu, no estado de São Paulo, que foi cenário da pesquisa. Entre os bebês, 78,9% foram classificados com risco habitual e 21,1% como recém-nascidos de risco.

Os riscos sociais de maior destaque foram chefe de família sem renda, mães com menos de 16 anos, irmão morto com idade inferior a cinco anos e mães que não realizaram o seguimento de pré-natal adequadamente, sendo os dois últimos associados com a prematuridade. Além disso, mulheres que não realizaram o acompanhamento de pré-natal adequado tiveram 3,4 vezes mais chances de terem bebês prematuros.

Nesse contexto, o planejamento de ações de prevenção e promoção de saúde que estimulem a ampliação de cobertura e qualidade do pré-natal é de extrema importância, considerando que essa assistência aumenta a eficácia das estratégias propostas pelo Ministério da Saúde e enfatiza a humanização do cuidado durante todo período de gestação, parto e pós-natal, diminuindo as complicações relacionadas à prematuridade.

A pesquisa proporcionou melhoria no gerenciamento e na análise dos dados utilizados pelo município e no planejamento da assistência à saúde com vistas a diminuição da mortalidade infantil e não contou com financiamento.

Referências

  1. BRITO, L.C., SOUZA W.E. and COELHO, S.F. Aspectos epidemiológicos da mortalidade infantil. Rev Enferm UFPE On line [online]. 2021, vol. 15, no. 1, e244656 [viewed 7 June 2023]. https://doi.org/10.5205/1981-8963.2021.244656. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/244656
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Cuidados gerais. Brasília: Ministério da Saúde, 2014 [viewed 7 June 2023]. Available brom: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v1.pdf
  3. ADRIANO, A.P., SOUTA, E.S. and LOPES, L.S. Neonatal mortality related to prematurity. Res Soc Dev [online]. 2022, vol. 11, no. 4, e27511421565 [viewed 7 June 2023]. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i4.21565. Available from: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/21565
  4. REZENDE, R.S., et al. Tendência temporal da mortalidade neonatal no Estado do Pará entre 2010 e 2019. Res Soc Dev [online]. 2021, vol. 10, no. 13, e595101321613 [viewed 7 June 2023]. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.21613. Available from: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/21613
  5. LARANJEIRA, P.F., et al. Extreme prematurity in a public reference unit: morbidity, viability and mortality. Res Soc Dev [online]. 2022, vol. 11, no. 6, e58311629468 [viewed 7 June 2023]. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29468. Available from: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/29468

Para ler o artigo, acesse

CRUZ, A.A.M.B.,  et al. Fatores de natureza social associados ao risco de prematuridade em município paulista. Acta Paul Enferm [online]. 2023, vol. 36, eAPE00632 [viewed 7 June 2023]. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2023AO00632. Available from: https://www.scielo.br/j/ape/a/byJVsqjsH5qDXwQRM4NW7mf/

Links externos

Acta Paulista de Enfermagem – APE: https://www.scielo.br/j/ape

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

CRUZ, A.D.M.B., SANTOS, L.C. and ALENCAR, R.A. Fatores sociais e falta de acompanhamento pré-natal estão relacionados com maior risco de prematuridade [online]. BlogRev@Enf, 2023 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2023/06/07/fatores-sociais-e-falta-de-acompanhamento-pre-natal-estao-relacionados-com-maior-risco-de-prematuridade/

 

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