Conhecer para prevenir: o que pensam os professores sobre comportamento suicida de estudantes adolescentes?

Ítalo Rodolfo Silva, Professor adjunto, Editor de Marketing Digital da Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Macaé, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: italoufrj@gmail.com

Ivone Evangelista Cabral, Professora titular da Escola de Enfermagem Anna Nery, Editora-chefe da Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: icabral444@gmail.com

Qual conhecimento tem os professores de ensino fundamental sobre o comportamento suicida de adolescentes no contexto escolar? Para responder a essa questão, pesquisadoras da Universidade Federal do Piauí identificaram o conhecimento dos professores sobre o comportamento suicida. A observação da tristeza do aluno, o isolamento e os problemas de relação com os familiares se refletem sobre as repentinas mudanças em sala de aula. Nesse contexto, destaca-se a automutilação, como a principal atitude suicida no ambiente escolar (BRITO et al., 2020), conforme artigo “Comportamento suicida e estratégias de prevenção sob a ótica de professores”, publicado em Escola Anna Nery Revista de Enfermagem (vol. 24, no. 4).

Demonstrando uma visão ampliada sobre os fatores que podem influenciar o comportamento suicida dos adolescentes, os professores destacaram, a importância das relações familiares nesse contexto. Sobre o conhecimento de prevenção do comportamento suicida do estudante, os professores citaram as redes de apoio como: vínculos de amizade, acompanhamento profissional e a importância da família, com destaque para os pais. Para alcançar esses resultados, as pesquisadoras realizaram uma dinâmica de criatividade e sensibilidade denominada: “Livre para criar”, com o objetivo de aproximar os professores com a temática. Essa foi, uma das etapas do percurso metodológico que utilizou pesquisa-ação. O estudo foi realizado em uma escola pública de Teresina, Piauí, Brasil, que possui pactuação com o Programa Saúde na Escola, da Estratégia de Saúde da Família.

Outra questão destacada na pesquisa foi: o que os professores fazem para detectar e/ou prevenir o comportamento suicida desses estudantes? Foram apontados os seguintes fatores: dificuldade dos professores em identificar e associar os sinais de alerta com o comportamento suicida; ausência de equipe de saúde mental nas escolas; a ausência de discussões de temas transversais no contexto escolar (SHILUBANE et al., 2015).  Os resultados reforçam o entendimento sobre a importância e urgência para o desenvolvimento de competências, que permitam a identificação precoce de comportamentos suicidas para uma prevenção ampliada, com base em percepção contextualizada desse fenômeno. Apesar disso, o comportamento suicida ainda é concebido como tabu social, estigmas no contexto escolar que resultam em julgamentos dos demais estudantes, mas, também, de professores (PARKER, 2018).

Por outro lado, é importante sinalizar que, naturalmente, o adolescente vivencia processo de dúvidas e incertezas, com potencial distanciamento das relações familiares e fortalecimento dos vínculos de amizade, sobretudo no contexto escolar. Nesse sentido, o professor desempenha um papel fundamental, desde a identificação a intervenção, pela proximidade contínua, conhecimentos, atitudes e habilidades diante do comportamento suicida do estudante. Todavia, é imprescindível considerar a complexidade desse fenômeno, o que requer a articulação das demais estratégias e abordagens, como a intersetorialidade, a interdisciplinaridade e o fortalecimento das redes de apoio do adolescente.

Referências

PARKER, R. Small-scale study investigating staff and student perceptions of the barriers to a preventative approach for adolescent self-harm in secondary schools in Wales—a grounded theory model of stigma. Public Health [online]. 2018, vol. 159, pp. 8-13. ISSN: 0033-3506 [viewed 30 November 2020].  http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2018.03.016. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0033350618301112?via%3Dihub

SHILUBANE, H.N., et al. High school suicide in South Africa: teachers’ knowledge, views and training needs. BMC Public Health [online]. 2015, vol. 15, no. 1, 245. ISSN: 1471-2458 [viewed 30 November 2020]. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-015-1599-3. Available from: https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12889-015-1599-3

Para ler o artigo, acesse

BRITO, M.D.L. de S., et al. Comportamento suicida e estratégias de prevenção sob a ótica de professores. Esc. Anna Nery [online]. 2020, vol. 24, no. 4, e20200109. ISSN: 2177-9465 [viewed 30 November 2020].  http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2020-0109. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452020000400214&lng=pt&nrm=iso

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SILVA, I. R. and CABRAL, I. E. Conhecer para prevenir: o que pensam os professores sobre comportamento suicida de estudantes adolescentes? [online]. BlogRev@Enf, 2020 [viewed ]. Available from: https://blog.revenf.org/2020/12/11/conhecer-para-prevenir-o-que-pensam-os-professores-sobre-comportamento-suicida-de-estudantes-adolescentes/

 

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